A noite da última segunda-feira (18) foi especial para 70 jovens de baixa renda do Recife, que após 12 meses de capacitações, receberam o diploma de conclusão das atividades relacionadas ao Projeto Ninho, uma iniciativa do Sebrae em parceria com a Fundacentro, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho. A formatura aconteceu em um hotel no bairro de Boa Viagem, zona sul da capital pernambucana, e contou com a presença de representantes das instituições envolvidas e de familiares dos alunos. Durante um ano, os estudantes tiveram acesso a conteúdos nas áreas de empreendedorismo, inovação, saúde e segurança do trabalho e tecnologia da informação, em um projeto-piloto inédito no país.
Participaram da primeira turma do Projeto Ninho, estudantes de baixa renda, de 18 a 24 anos de idade, moradores do Recife, matriculados em escolas públicas e que já tiveram contato ou estão inseridos em algum curso técnico. O objetivo da iniciativa é acolher jovens economicamente e socialmente vulneráveis, apoiando-os no ingresso no mercado de trabalho. A iniciativa também visa gerar impacto social, já que, ao final do curso, os participantes apresentaram soluções inovadoras que podem ser incorporadas aos pequenos negócios.
“Vou carregar muito conhecimento. O projeto foi capaz de me proporcionar outras formas de pensar, de enxergar um mundo de possibilidades. Foi incrível olhar para o empreendedorismo de uma outra forma. Tenho certeza que vou levar comigo toda essa bagagem de conhecimento e, quem sabe, em futuro próximo, empreender, abrindo uma clínica de estética, que é uma área que gosto bastante”, destaca Tiago Pereira, formado em Segurança do Trabalho pelo IFPE, morador da comunidade UR-2, no bairro do Ibura, zona sul do Recife.
Durante as aulas, os alunos tiveram contato com profissionais gabaritados, adquirindo informações atualizadas de mercado, com visitas técnicas a grandes empresas locais e vivenciando o ritmo de metodologias aplicadas no mundo empreendedor. “ Meu sentimento é de gratidão por tudo, pelas visões que o projeto deu pra gente. Normalmente, temos visão limitada sobre o mundo e o Ninho abriu nossos horizontes, para que a gente não fique limitado, cresça e possa fazer mais pela nossa família também”, relata Isabela Campelo, estudante de psicologia e formada pelo IFPE.
Enquanto estavam no projeto, os participantes foram beneficiados com uma bolsa de estudos no valor de R$ 694,36, além de auxílio transporte de R$ 220,00. O propósito da iniciativa é mudar a vida de jovens de baixa renda por meio da educação técnica e empreendedora. “Ninho representa acolhida, proteção. Queríamos criar um local onde esses jovens pudessem alçar voos cada vez mais altos, novas direções, para voltar para as suas comunidades e transformá-las. O Projeto Ninho está pronto para criar asas, para que a gente consiga cada vez mais ninhos espalhados pelo Brasil”, comenta Josiana Ferreira, diretora técnica do Sebrae/PE.
As aulas começaram em janeiro deste ano e foram finalizadas no último 15 de dezembro. Os alunos tiveram acesso a 56 metodologias do Sebrae de empreendedorismo e inovação. Como última etapa, foi proposto um desafio, que visa desenvolver soluções reais para empresas. Para Raquel Aves, do Ministério do Empreendedorismo da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MIDIC), governo e sociedade civil precisam unir esforços para criar oportunidades para a juventude. “Instituições são feitas de pessoas e um projeto só pode ter êxito quando pessoas abraçam a causa de todo o coração. E aqui eu vi o brilho nos olhos e uma vontade enorme de oferecer oportunidades melhores para esses jovens. Hoje termina uma jornada de conhecimento, para alçar novos voos”, destaca.
O projeto-piloto deu certo e a previsão é abrir uma nova turma no segundo semestre do próximo ano, não só no Recife, mas em outras cidades brasileiras. A capital de Pernambuco foi escolhida para abrigar a primeira edição por conta da vocação da cidade na área de tecnologia. “ O balanço é extremamente positivo. Foi um projeto desafiador, mas feito com muito carinho, por isso estamos felizes com o resultado. Extrapolou nossas expectativas e vamos dar seguimento ao Ninho, para que outros jovens brasileiros possam viver essa experiência. A história desses pernambucanos não para por aqui. Vamos acompanhá-los ainda por dois anos e dar todo o apoio para que eles cresçam ainda mais”, explica José Padilha, coordenador de parcerias da Fundacentro.