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A arte de vestir o maracatu rural da Zona da Mata pernambucana

Além de brincar maracatu, há 30 anos o artesão Pedro Alexandre Lima confecciona golas para grupos que se apresentam durante o Carnaval
Por Samuel Santos
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Quem se encanta com o brilho e os movimentos dos caboclos de lança nas apresentações de Maracatu Rural não imagina o trabalho para que essa mágica, tão típica do Carnaval pernambucano, aconteça. É das mãos do artesão Pedro Alexandre de Lima que saem as golas usadas por muitos grupos de maracatu de cidades como Nazaré da Mata, Tracunhaém e Aliança, na Zona da Mata do estado. Um ofício que ele aprendeu em 1991, a partir de uma provocação. “Eu sempre brinquei maracatu, é algo que vem de família, mas não sabia produzir golas. Foi aí que um amigo me desafiou a fazer uma gola, eu aceitei e fiz, para o Maracatu Leãozinho de Aliança. A partir daí fui buscando aprender mais e mais, desenvolvi uma técnica exclusiva e hoje vivo disso”, conta o artesão.

O ateliê de Pedro Alexandre é na própria casa onde ele mora, em Nazaré da Mata. O espaço é movimentado o ano todo, não apenas no período momesco. Quando não está produzindo a principal peça da indumentária de uma das manifestações culturais mais ricas de Pernambuco para os grupos que se apresentam, o empreendedor está criando peças para turistas e pessoas interessadas em ter as golas como objeto de decoração. “Só neste Carnaval eu estou trabalhando em média em três golas por dia, ao mesmo tempo, para os maracatus. A demanda começa a ficar maior logo depois do São João, no começo do segundo semestre. Nos outros meses, depois do Carnaval, eu vendo minhas peças para pessoas que encomendam e nas feiras de artesanato”, detalha.

As golas de Pedro já atravessaram o Atlântico, com peças compradas por turistas holandeses. Elas também podem ser vistas em países da América do Sul, como Argentina e Paraguai, além de vários estados do Brasil. Um passo importante dado pelo empreendedor foi a retirada da carteira do artesão, viabilizada por meio de uma parceria entre poder público e o Sebrae Pernambuco. Para o futuro, o artesão pensa em aperfeiçoar ainda mais o seu trabalho, criando peças personalizadas, mas sem perder a essência e a tradição do maracatu rural.

“A minha expectativa é de que agora, com a carteira, eu consiga vender as minhas golas em espaços ainda maiores, como a Fenearte e outras feiras de grande porte no estado e com isso, dar mais visibilidade ao meu trabalho. Confesso que eu era um pouco ignorante com relação a essa ideia de se formalizar, achava muito burocrático, mas percebi que é simples e eu, como empresário, só tenho a ganhar”, comenta.