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Jovens empreendedores criam luva que estabiliza movimentos de pessoas com Doença de Parkinson

Estudantes de escola pública do Sertão do Pajeú aplicaram técnicas de empreendedorismo para criar tecnologia que custa apenas R$ 90
Por Adriana Amâncio
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Executar movimentos simples, tais como segurar um talher ou escovar os dentes se tornam cada vez mais desafiadores para quem tem a Doença de Parkinson. Os tremores involuntários, um dos sintomas mais comuns da doença, costumam evoluir com o tempo tornando esses gestos simples quase impossíveis de serem executados. Esse foi o problema que jovens estudantes da Escola Técnica Estadual Professor Paulo Freire, de Carnaíba, a 400 km do Recife, buscaram solucionar. Eles criaram a GlovETE, uma luva que pode estabilizar os tremores involuntários dos pacientes de Parkinson. Composta por itens simples como HD e luva de academia, a tecnologia, que já mostrou eficácia, custa apenas R$90.

A GlovETE é símbolo do empreendedorismo inovador que brota da mente dos jovens sertanejos. Essa semente foi plantada durante as capacitações em empreendedorismo realizadas pelo Sebrae/PE, por meio do Programa Agente Local de Inovação (ALI). Desde então, os jovens decidiram empreender em algo que aliasse impacto social, ambiental e qualidade de vida.

Nós queríamos criar um produto que sanasse uma dor na sociedade e que fosse inovador. As aulas de empreendedorismo foram decisivas para que pudéssemos criar esse produto que vem se mostrando eficaz e que é inédito no mercado.Danilo Lima, estudante de Engenharia de Software

Saber que o número de pessoas que convivem com a Doença de Parkinson deve dobrar até 2023 foi o ponto de partida para que os empreendedores sertanejos pensassem na luva. Durante as pesquisas, os jovens viram que há produtos do tipo que podem custar até R$ 8 mil. Por isso, pensaram em criar um modelo mais barato e reuniram itens básicos como luva de academia, um disco HD, baterias, regulador de energia e uma placa arduíno, que é uma plataforma utilizada para a prototipagem de projetos inovadores.

A tecnologia que faz a luva cumprir o seu papel é o HD, que atua como um giroscópio, ou seja, um disco que, ao girar em alta velocidade, garante estabilidade às mãos. O princípio do giroscópio é o que mantém, por exemplo, a bicicleta em movimento. Ele consiste em assegurar que ao girar o eixo mantenha-se sempre na mesma direção.

Os conceitos que estão na base da luva são oriundos da robótica e da física. Os jovens desenvolveram o produto parte na sala de aula, com aulas teóricas, e parte no laboratório de robótica, local onde vêm realizando testes. “Eu não imaginava que a robótica fosse acessível para nós, aqui no Sertão, e que ela poderia criar soluções para melhorar a vida das pessoas”, afirma Danilo.

Foto: Reprodução / TV Asa Branca

Os testes provaram que a tecnologia cumpre o seu propósito, ou seja, estabilizar os tremores. No entanto, a invenção ainda passa por avaliações e ajustes até chegar à versão final. Nesta fase de aperfeiçoamento, o protótipo deve ganhar, por exemplo, vibradores de celular. “Eles [os vibradores] servirão como distração para o cérebro, que podem reduzir os tremores involuntários”, complementa Danilo. O Mal de Parkinson é uma doença degenerativa, que afeta as células cerebrais e tem os tremores involuntários dos músculos como um dos seus sintomas mais conhecidos.

O empreendedorismo inovador dos jovens sertanejos já colhe bons frutos. O projeto foi considerado um dos 50 melhores projetos de 2023 do Solve For Tomorrow, prêmio realizado pela Samsung que reconhece iniciativas que combinam ciência e tecnologia com o objetivo de levar qualidade de vida às pessoas. A GlovETE também brilhou no QCiência, ficando em primeiro lugar no principal evento de ciência e tecnologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Hoje, as equipes buscam apoio financeiro para acelerar as etapas de desenvolvimento do produto.