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Izis Oliveira, advogada, 36 anos, que mora em Petrolina, a 712 km do Recife, é uma das poucas profissionais especialistas em assessoria jurídica para mães de crianças que convivem com Transtorno do Espectro Autista, no Sertão do São Francisco. Esse é um diferencial que faz com que ela seja bastante requisitada em causas de acesso a serviços de saúde privada, por exemplo. Antes, ela trabalhava em contratos terceirizados na área de usucapião, ou seja, reconhecimento de forma originária de aquisição de imóvel para uso social.
Izis conheceu um novo universo através do filho Lorenzo Dalman, de 6 anos, que convive com Transtorno de Espectro Autista (TEA) nível de suporte 2. Ela transformou as sofridas batalhas judiciais pelo acesso a terapias de saúde para a criança em um empreendimento. Ao conseguir o laudo do filho, o médico recomendou uma série de terapias para as quais ela não conseguiu autorização do plano de saúde.
A necessidade pessoal fez com que ela passasse a pesquisar mais sobre o direito das pessoas com autismo. “Eu passei a pesquisar sobre o assunto. Fiz uma especialização em direitos dos autistas e comecei a lutar na justiça pelas terapias para o meu filho”, recorda. Segundo a advogada, uma criança que convive com autismo chega a custar entre R$30 a R$50 mil reais para um plano de saúde.
Após vencer diversos processos, Izis resolveu abrir o seu próprio escritório e atender apenas mães com crianças atípicas, que necessitavam de apoio jurídico para acessar serviços de saúde. A advogada conta que essa mudança veio a calhar com a nova realidade que a maternidade atípica lhe apresentou.
Antes, eu precisava trabalhar na empresa, fazia longos deslocamentos para a área rural, tinha que ficar ausente de casa. Com o nascimento de Lorenzo, pude conciliar o empreendimento e os cuidados exclusivos com ele.
Izis Oliveira, advogada
Izis é mãe solo e, segundo ela, mesmo quando era casada com o pai de Lorenzo , “era a única responsável pelos cuidados com o filho, não contava com ajuda de ninguém”, afirma. A especialidade tornou a jovem advogada uma referência em direito das pessoas com autismo. Por isso, ela cumpre uma intensa agenda de palestras, seminários e outros eventos que tratam do tema e são organizados por instituições públicas governamentais e do terceiro setor. Essa atuação não apenas revela o seu comprometimento com a causa, mas propaga o nome da empreendedora.
“As pessoas me conhecem ainda mais, após essas participações nesses eventos, antes, uma mãe falava para outra que havia conseguido acesso às terapias com o apoio da minha assessoria jurídica”, explica. Em relação à remuneração, Izis conta que além de ter aumentado a renda, hoje, acessa uma forma de pagamento facilitada. “Na área de usucapião, muitas vezes, eu recebia os honorários após a execução do processo. Hoje, eu já posso receber o pagamento no início do trabalho”, observa.
O exemplo da mãe mostra que empreender, muitas vezes, é enxergar oportunidade onde muitos enxergam um problema. Nos seus planos futuros está a implantação de atendimento digital para acessar a demanda de mercado que existe em outras regiões do Brasil. “O meu atendimento pode ser realizado de forma remota, portanto, eu pretendo investir no digital para implantar um atendimento remoto e divulgar o meu trabalho através do marketing digital”, planeja.
Combinando criatividade, engajamento e estratégia, Izis Oliveira fez de sua experiência pessoal delicada, um diferencial no seu empreendimento, que é regido pela máxima: “aquilo que a gente faz com amor, faz melhor”.
