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Fazenda Cajá revoluciona a pecuária sertaneja com melhoramento genético do gado

Com apoio do Sebrae, Beto Cajá transforma sua produção de gado de corte e leite em exemplo de inovação e sucesso
Por Adriana Amâncio
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Carlos Alberto Medeiros, mais conhecido como Beto Cajá, de 58 anos, nasceu na Fazenda Cajá, área rural de Flores, no Sertão Central, a 341 km do Recife, em meio a uma família de criadores de gado de corte nelore padrão. A vida inteira ele viu o pai trabalhar para manter uma criação que era destinada apenas ao corte. “O maior desafio era a seca. Sem água não dava para produzir ração o ano todo”, recorda. Desde que assumiu o rebanho, há 12 anos, Beto provou que no Sertão dá para fazer melhoramento genético e entrar no mercado nobre do nelore pintado.

Beto Cajá sempre se inspirou no pai, um premiado bovinocultor do Sertão Central, que fez tradição no gado de corte e leite, investindo no armazenamento de água.

Na época que eu era criança, o meu pai tinha a estante cheia de troféus, entregues pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) a produtores que se destacavam.

Beto Cajá, proprietário da Fazenda Cajá

Criador de gado Indubrasil, uma variedade zebuína adaptada a climas quentes como os do Semiárido, o pai de Beto possuía barragem e poços amazonas. Essas tecnologias asseguram a ração animal a base de capim, milho e palma, o ano inteiro.

Fazendo jus à máxima “filho de peixe, peixinho é”, Beto fez um curso técnico em Agropecuária e decidiu seguir o ofício do pai. Em 2012, quando assumiu o rebanho, veio a oportunidade de botar em prática os aprendizados e realizar os sonhos. “Eu tinha muita esperança de trabalhar com melhoramento genético, mas não sabia qual caminho seguir para começar”, explica.

A primeira mudança veio com a troca da raça. “Eu viajei ao Mato Grosso e adquiri seis matrizes de nelore pintado, que é mais valorizado no mercado”, afirma. Para se ter uma ideia, se um nelore padrão é vendido por R$ 5 mil, a variedade pintada sai por R$ 8 mil, informa Beto. Com o novo rebanho, ele descobriu que, por meio do Sebrae/PE, poderia fazer melhoramento genético.

Beto teve acesso à capacitação e adquiriu material para fazer inseminação artificial arcando com 30% dos custos, enquanto o Sebrae assumiu 70%. Hoje, ele possui 300 cabeças de gado das quais boa parte é da raça nelore pintado e, além de comercializar carne e leite, realiza inseminação in vitro e transferência de embrião.

A cada ano, o produtor consegue obter até 30 bezerros, frutos da transferência de embriões. Hoje, ele chega a comercializar um gado nelore pintado por valores que variam de R$ 8 mil a R$ 20 mil. Com a mudança, o lucro do rebanho teve um aumento de 30% e chega a R$ 500 mil por ano. Para dar conta dessa produção genética, a fazendo ganhou um laboratório móvel, onde é realizado o trabalho.

Essas soluções genéticas da Fazenda Cajá são comercializadas em eventos anuais. Recentemente, ele realizou a primeira edição do Agroshop Cajá, um evento para mostrar a viabilidade e comercializar soluções em melhoramento genético no Sertão Central. Para o produtor, a primeira edição foi um sucesso. “Até conhecer o Sebrae eu nunca imaginei que era possível fazer melhoramento genético no Sertão, mas se a gente acreditar e perseverar alcança sucesso”, arremata.