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Arte e tradição familiar na Terra do Tapete

Com mais de quatro décadas dedicadas à tapeçaria, empresária Edlene Costa é exemplo de que é possível viver de uma arte essencial para a identidade cultural de um território 
Por Samuel Santos
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Em Lagoa do Carro, cidade conhecida como a “Terra do Tapete”, localizada na Mata Norte de Pernambuco, a tapeçaria é mais do que uma tradição – é um modo de vida. E poucas pessoas podem falar tão bem sobre essa arte, que ultrapassa gerações, quanto Edlene Costa. Afinal, são 40 anos no ofício que lhe dá sustento e orgulho. Descendente de uma família de oito mulheres tapeceiras, Edlene construiu sua vida em torno dos tapetes que, hoje, são reconhecidos em todo o Brasil.

A história da empreendedora começou na zona rural de Lagoa do Carro, onde, desde muito cedo, ela e seus irmãos acompanhavam os pais no roçado. Nos momentos de folga, a família bordava tapetes, uma prática que se transformaria no alicerce de suas vidas.

Comecei a trabalhar com tapeçaria aos oito anos de idade. Minha mãe foi a primeira empreendedora da família, mesmo sem perceber. Ela ensinou às filhas a arte do bordado, transformando o que inicialmente era uma necessidade em uma verdadeira paixão.

Edlene Costa, Artesã

Com o tempo, a família mudou-se para a área urbana de Lagoa do Carro e começou a produzir tapetes em maior escala. Participaram de feiras, expuseram em shoppings e, aos poucos, libertaram-se do trabalho terceirizado. “Nós começamos a comprar matéria-prima, produzir nossos próprios desenhos e a participar de feiras em outros estados. Isso nos deu uma nova perspectiva e liberdade para criar”, diz Edlene.

A tapeçaria proporcionou a Edlene não apenas reconhecimento, mas também estabilidade financeira. “Hoje, tenho orgulho de dizer que sou uma tapeceira bem-sucedida. Através da minha arte, do meu trabalho, conquistei minha casa e comprei até um carro”, relata. Sua casa foi transformada em um ateliê, de onde partem suas criações para cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Brasília e Belo Horizonte.

Além dos tradicionais tapetes, Edlene diversificou sua produção, criando pés de porta, almofadas, tapetes de parede e até peças aplicadas na moda, como apliques para roupas, bolsas e acessórios. “Em janeiro, fiz uma temporada em Guarapari, no Espírito Santo, e vendi 28 bolsas com apliques de tapeçaria. A feira durou um mês, mas na primeira semana meus produtos esgotaram”, conta ela.

O caminho até o sucesso, no entanto, não foi fácil. No início, Edlene enfrentou dificuldades para encontrar matéria-prima, divulgar seus produtos e definir preços. “Busquei uma luz no Sebrae, que foi fundamental. Fiz oficinas de moda, design, combinação de cores e todos os cursos oferecidos em Lagoa do Carro”, explica. Esse conhecimento adquirido foi fundamental para que Edlene pudesse transformar seu ofício em um negócio de sucesso.

Atualmente, Edlene Costa não é apenas uma tapeceira; ela é uma mestra tapeceira, reconhecida em eventos como a Fenearte, onde já ministrou cursos. Recentemente, foi contemplada pela Lei Paulo Gustavo, e seu legado será eternizado em um filme que será exibido nas escolas públicas de Pernambuco. “A ideia é mostrar para esses jovens que é possível viver do artesanato e valorizar a nossa tradição”, afirma.