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Tecnologia, ancestralidade e territorialidade em discussão no primeiro dia do REC’n’Play 

Painel sobre o tema reuniu a ativista indígena Alice Pataxó e a empreendedora social Mayris Nascimento, fundadora da startup Nosso Mangue 
Por Larissa Correia
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Um dos encontros mais movimentados do primeiro dia do REC’n’Play aconteceu na tarde desta quarta-feira (06) no Sebrae na Rua, espaço exclusivo da instituição durante o festival no Bairro do Recife. O painel ‘Tecnologia e ancestralidade: o futuro da humanidade está no passado?’, contou com a participação da ativista indígena e influenciadora digital Alice Pataxó e de Mayris Nascimento, CEO e fundadora da Nosso Mangue, empresa especializada em recuperação, preservação e conservação de manguezais, compensação da pegada de carbono e turismo de experiência. O encontro foi mediado por Thiago Suruagy, gerente de Marketing e Comunicação do Sebrae/PE.

Mayris Nascimento falou sobre a experiência da startup criada por ela, que atua na resolução de problemas socioambientais. A empreendedora social destacou o conceito do turismo regenerativo, que vai além do sustentável, incluindo a compensação do ecossistema com o plantio de mudas de mangue – já foram mais de 20 mil desde o início da empreitada. “Estamos criando soluções com a própria natureza, como ela pode se regenerar. Mas é preciso construir o equilíbrio. Sustentabilidade tem que ter consonância entre quem está nas empresas e a própria natureza. E depois de ter escutado a frase “quem está no vermelho tem dificuldade em pensar no verde”, não esquecer que, às vezes, certas ações deletérias não acontecem por falta de informação ou acesso, mas por necessidades da pessoa”, ressaltou.

Única brasileira incluída na lista BBC das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras do mundo em 2022, Alice Pataxó lembrou que a sustentabilidade no território indígena muitas vezes é invalidada por situações como invasões, o que obriga o pessoal a viver como possível. Ela também enfatizou a importância do trabalho de sensibilização desenvolvido junto às comunidades indígenas e não indígenas.

“A mudança só acontece quando atinge a todos. É preciso acesso às informações e às tecnologias para ampliar o alcance delas”, pontuou. Como parte do processo de preservação dos saberes dos povos originários, Alice ainda apontou ações de educação indígena adotadas na aldeia pataxó onde cresceu, no Sul da Bahia. “Alunos aprendem a cultivar plantas medicinais, a entender o uso de cada uma delas, para que serve cada árvore. É questão de ciência e de sobrevivência”, detalhou.

Durante o painel com as convidadas e em meio às discussões sobre tecnologia, ancestralidade e territorialidade, Thiago Suruagy fez uma provocação sobre empreendedorismo social. “Negócios de impacto social podem ter propósito, trazendo benefícios à comunidade, e ainda assim gerar lucro”, completou.