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Engenho que produz cachaça orgânica em Chã Grande une empreendedorismo e sustentabilidade

Sanhaçu foi pioneira na fabricação de cachaça orgânica em Pernambuco e o primeiro do Brasil a utilizar energia solar na produção
Por Pedro Romero
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Uma pequena empresa familiar que é exemplo de empreendedorismo com sustentabilidade em Pernambuco e no Brasil. Assim pode ser definida a Cachaçaria Sanhaçu, localizada em Chã Grande, no Agreste pernambucano, também conhecida por produzir algumas das melhores cachaças do Brasil, com 49 premiações nacionais e internacionais. Essa história de sucesso teve início em 1993 quando Moacir Eustáquio da Silva, aposentado da Marinha, comprou um terreno de 2,5 hectares em Chã Grande e decidiu que iria implantar os conhecimentos que tinha sobre agricultura orgânica e sustentabilidade.

“Quando meu pai, que morreu em 2023, comprou esse terreno não existia nada no local, nem árvores, nem água, nem energia, era tudo mato. Só tinha uma casa de taipa e uma outra casa humilde, pequena, de alvenaria. Ele vendeu cinco linhas telefônicas – que na época eram bens – e comprou um terreno longe, em um lugar que ninguém ouvia falar. A BR-232 ainda não era duplicada. Todo mundo achou que meu pai estava doido, inclusive nós”, conta Elk Barreto Silva, filha de Moacir Eustáquio e uma das proprietárias da Cachaçaria Sanhaçu.

Algum tempo depois, ele e outros produtores começaram a organizar as primeiras feiras de produtos orgânicos de Pernambuco. “Somente em 2016 é que meu irmão Oto Barreto Silva resolveu investir de verdade em alguma coisa que fosse orgânica, porque a gente acreditava e acredita na sustentabilidade, acreditamos em fazer o bem para o planeta. Entre as possibilidades veio a ideia da cachaça, e foi assim que surgiu a Sanhaçu”, acrescenta Elk Barreto. Ao todo, 14 pessoas atuam na cachaçaria, que também produz rapadura e mel de engenho, além de licores, que são novidades da marca.

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL

A inovação e a sustentabilidade estão presentes em todos os processos de produção do Engenho Sanhaçu, que foi o primeiro do país a utilizar energia solar em todo seu processo produtivo. A empresa também desenvolve um projeto de plantio agroflorestal, que busca produzir alimentos no ambiente de floresta nativa. Em parceria com a SNE – Sociedade Nordestina de Ecologia e com a Carbono Florestal, a Sanhaçu anualmente produz, planta e acompanha o crescimento de centenas de mudas frutíferas e nativas da Mata Atlântica.

Outras formas de sustentabilidade são a reutilização de toda a água usada para o resfriamento da caldeira, que já é oriunda da chuva, e o reaproveitamento dos resíduos. Cerca de um terço do bagaço de cana-de-açúcar produzido é utilizado como combustível na caldeira. Os dois terços restantes são aguados com vinhoto e acrescidos de matérias orgânicas, inclusive as cinzas oriundas da caldeira, e volta para o canavial como fertilizante natural.

Além disso, a cabeça e a cauda da cachaça, que fazem parte do processo de destilação, servem para produzir etanol, usado como combustível nos carros da empresa, que atua ainda na recuperação das nascentes de cursos de água – atualmente, duas nascentes já foram recuperadas. Para completar, as construções mais recentes no engenho foram feitas com uma técnica sustentável chamada hiperadobe – um tipo de construção rápida, simples, com eficiência energética e economia de materiais. A Sanhaçu foi a primeira cachaça do Brasil com Selo de Envelhecimento Sustentável e conta com Certificação de Carbono Zero.

“Um dos prêmios mais importantes na área da sustentabilidade foi dado pela Fundação Getúlio Vargas que destaca a Sanhaçu como uma das 12 micro e pequenas empresas mais sustentáveis do País”

Elk Barreto

Em relação aos produtos, este ano, a Sanhaçu Soleira conquistou o título de melhor cachaça do Brasil na 6ª edição do Ranking Cúpula da Cachaça, maior concurso de cachaças do país. “Foi a primeira vez que esse prêmio veio para o Nordeste”, destaca Elk Barreto.

“O Sebrae é nosso parceiro desde antes de a gente começar a empreender. Eu e meu irmão fizemos vários cursos no Sebrae sobre assuntos como vendas, marketing, divulgação, e elaboração de preços. E até hoje a gente conta com o Sebrae, com projetos, e programas como o Sebraetec. Quando pensamos em implantar alguma inovação no engenho, a gente imediatamente procura o Sebrae”, conclui a empresária.

Com tantas inovações, o Engenho Sanhaçu se tornou um ponto de visitação turística, com três opções de passeios. O agendamento pode ser feito no site da empresa, onde também estão informações sobre roteiros e preços.