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No Mês da Consciência Negra, mulheres quilombolas de Cuieiras, comunidade rural de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, participaram de uma capacitação especial oferecida pelo Sebrae/PE. A iniciativa gratuita teve como foco a qualificação profissional, o ensino de novas técnicas culinárias e, especialmente, o resgate da confeitaria tradicional do estado, aliando conhecimento, cultura e oportunidade de geração de renda. A atividade ocorreu entre os dias 10 e 12 deste mês.
Durante três dias de formação e 30 horas de capacitação, elas aprenderam ou aperfeiçoaram a execução de iguarias típicas da doçaria do estado. Na estreia, no dia 10, o grupo produziu os clássicos bolos Souza Leão, Pé-de-Moleque e Luiz Felipe, também conhecido como Baeta, de Leite ou Engorda-Marido. Na terça-feira (11), foram ensinados Pudim de pão com passa de caju e Bolo de noiva com passa em rama. Já no encerramento (12), as alunas conheceram novas receitas de biscoitos artesanais e de panetone com frutas locais.
A iniciativa faz parte do projeto Pernambuco que encanta: Sabores & Saberes, realizado pelo Sebrae/PE em parceria com a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe). Executadas por meio do Instituto César Santos, as aulas foram ministradas pela confeiteira Anna Corinna, que tem expertise no trabalho de preservação da gastronomia do estado.“Com mais de 300 anos de existência e resistência, Cuieiras é a segunda comunidade quilombola atendida pelo projeto. A iniciativa visa resgatar a confeitaria tradicional pernambucana nessas comunidades que detêm o conhecimento ancestral dos doces e guloseimas. Além de valorizar a cultura local e entender melhor os conhecimentos passados pelos antepassados para as gerações atuais, viabilizamos que as participantes melhorem seus produtos e consigam novas possibilidades de geração de renda para suas famílias”, explicou Filipe Sampaio, gestor de projetos para Negócios de Alimentação no Sebrae/PE.
A primeira comunidade afrodescendente trabalhada pelo projeto Pernambuco que encanta foi a Xambá, em Olinda, no mês de junho passado. A terceira e última será Onze Negras, no Cabo de Santo Agostinho. Ele ressalta ainda a proposta de resgatar a identidade dos produtos locais, integrar as melhores práticas de produção e elevar a competitividade das comunidades.
O projeto quer trazer maior visibilidade para a cultura quilombola, resgatando e promovendo as receitas tradicionais e seus produtos de confeitaria no mercado.
Filipe Sampaio, gestor de projetos para Negócios de Alimentação do Sebrae/PE.
O projeto contemplou 30 mulheres em situação de vulnerabilidade social e outras 120 detentas das colônias penais do Recife e de Abreu e Lima. Além das oficinas e aulas práticas de panificação e confeitaria, a iniciativa inclui consultorias, mentorias, capacitações e cursos sobre precificação, indicadores de negócio, custo de mercadoria, visual merchandising, desenvolvimento de redes sociais, fotografias e marketing e vendas, entre outros. “As ações são voltadas à autonomia e ao fortalecimento de mulheres empreendedoras nas mais diversas realidades”, completa Filipe Sampaio.
