O empreendedorismo está fazendo a diferença na vida de mulheres da comunidade de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife. É da localidade, que cresceu a partir de uma colônia de pescadores, que elas tiram a matéria-prima usada na fabricação de colares, bijuterias e objetos de decoração. Juntas, elas assinam a marca Moda Mangue Biojoias (@modamanguebiojoias), coletivo formado por sete mulheres, todas mães solo, empenhadas em transformar resíduos da pesca em verdadeiras jóias marinhas. A moda sustentável tem dado oportunidade para essas empreendedoras e gerado renda para as suas famílias.
As biojoias são produzidas a partir de escamas de peixes e conchas. Do material que seria descartado, as artesãs confeccionam peças únicas, vendidas atualmente em pequenas e grandes feiras de artesanato, como a Fenearte, além da comercialização pelas redes sociais da marca.
A Moda Mangue surgiu a partir de uma ONG socioambiental chamada Centro Escola Mangue. A gente já vinha desenvolvendo um trabalho de educação ambiental com as crianças da comunidade, mas sentimos a necessidade de realizar algo pelas mães também e que estivesse atrelado à cultura local.
Luciana Silva, coordenadora do coletivo.
A moda sustentável entrou na vida dessas mulheres apenas em 2013. “Começamos a trabalhar, inicialmente, com couro de peixe, mas era um processo muito complicado. Foi depois de algumas tentativas que chegamos à escama. O processo foi sendo aperfeiçoado e, em 2016, conseguimos participar do edital do Marco Pernambucano da Moda. Foi aí que entendemos o conceito de moda sustentável, algo que já fazíamos sem perceber. Também procuramos o Sebrae, que nos ajudou a estruturar melhor o negócio e fazê-lo rentável”, relata Luciana.
Além das integrantes fixas, o coletivo fechou uma parceria com a Secretaria Estadual da Mulher para a capacitação de 20 mulheres da comunidade. Todas elas são estimuladas a criar peças inéditas e atrativas para os futuros clientes. “É um empreendedorismo ligado à realidade, usando o que você possui ao seu redor. É estranho pegar algo que iria para o lixo e fazer disso algo novo, único, que tenha sua vida ali. É um processo confuso, mas muito interessante”, completa a coordenadora.
A produção das biojoias acontece o ano inteiro, mas é no Carnaval que as empreendedoras conseguem potencializar os lucros. Isso porque além dos adereços, as escamas servem para produção de fantasias de sereia. Para o futuro, o coletivo de Brasília Teimosa se organiza para abrir a sua primeira loja física, na própria comunidade, projeto que vem ganhando forma e deve sair do papel ainda este ano. A ideia é usar o espaço da ONG onde tudo começou, para criar um ateliê focado em moda sustentável.