Pernambuco alcançou, no fim de 2024, o maior número de empreendedores formalizados da última década: ao todo, 273,2 mil donos de negócio no estado possuem CNPJ. O valor representa 23% do total de empreendedores no estado – a maior proporção desde 2015 – e sinaliza uma recuperação importante após o menor patamar da série histórica, registrado em 2020 (15,3%). Ainda assim, a informalidade continua sendo um desafio: 77% dos empreendedores pernambucanos, mais de 915 mil pessoas, seguem atuando à margem da economia, o que acende um alerta sobre a vulnerabilidade desses negócios. Os dados são do Sebrae, com base na PNAD Contínua, divulgada pelo IBGE.
O levantamento também revela o perfil dos empreendedores que atuam na informalidade em Pernambuco. Em geral, são homens (64,7%), negros (66,9%), com até o ensino médio incompleto (53,2%) e que trabalham por conta própria (96,2%). A maioria tem entre 30 e 49 anos (48,5%) e é chefe de domicílio (54,3%). Além disso, 64% dos informais não possuem local fixo de trabalho, enquanto outros 23% atuam em estabelecimentos como lojas, escritórios e galpões. Por fim, 90,4% deles não contribuem para a Previdência.
Ainda quanto ao trabalho, o rendimento médio habitual dos informais é de R$ 1.472 – número mais de quatro vezes menor do que o valor recebido pelos empreendedores formais (R$ 6.155). Considerando toda a série histórica, esse é o maior rendimento médio já percebido pelos donos de negócios informais. Já a jornada semanal de trabalho, por outro lado, é menor entre aqueles que não possuem CNPJ: 36 horas, contra 44 horas dos formalizados.
Para o superintendente do Sebrae Pernambuco, Murilo Guerra, os dados da PNAD Contínua mostram que a formalização tem ganhado mais adesão e reconhecimento entre os empreendedores do estado. “Esse é um avanço importante, já que a formalização garante mais estrutura e segurança aos negócios, além de acesso ao crédito e à cobertura previdenciária. Contudo, é fundamental termos clareza dos desafios. O compromisso do Sebrae é continuar trabalhando para reduzir essa lacuna da informalidade e oferecer apoio para que cada vez mais empreendedores pernambucanos possam transitar para o ambiente formal”, ressalta.
De acordo com a economista do Sebrae Pernambuco, Sylvia Siqueira, os dados indicam uma tendência positiva, não apenas pelo crescimento da formalização, mas também pela redução, em números absolutos, do total de empreendedores informais.
Embora a informalidade ainda seja predominante, essa redução aponta para um movimento de transição gradual para a formalidade, que pode se consolidar com políticas públicas e com acesso a serviços financeiros e de proteção social.
Sylvia Siqueira, economista do Sebrae Pernambuco
Nordeste
A informalidade ainda predomina entre os donos de pequenos negócios em todas as regiões do Brasil, mas o cenário tem mostrado avanços. No Nordeste, 80,1% dos empreendedores atuam na informalidade – proporção acima da média nacional (66%), mas que também vem diminuindo ao longo da última década. A região concentra 28,8% dos negócios informais do país, ficando atrás apenas do Sudeste (39,8%). Quando se observa o total da população em idade ativa (acima de 14 anos), 12,3% dos nordestinos estão envolvidos com negócios informais. Em Pernambuco, esse índice é um pouco menor: 11,7%.