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Cultura sertaneja é destaque nas novas Rotas Turísticas Ribeirinhos do Velho Chico

Atrativos propõem imersão na cultura, ainda pouco conhecida, de cinco municípios banhados pelo Rio São Francisco
Por Adriana Amâncio
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Da música à dança, passando pelas indumentárias, a cultura sertaneja é rica e histórica. Esse patrimônio cultural foi incluído nas novas rotas turísticas Ribeirinhos do Velho Chico, criadas pelo Sebrae/PE em parceria com o Consórcio Intermunicipal Submédio São Francisco (ComRio) para fisgar os corações dos amantes da cultura e para contribuir com o resgate e a propagação dessas manifestações, presentes nos cinco municípios que fazem parte dos roteiros. Desde danças típicas, como a mazurca, até construções antigas, como uma roda d’água que acompanha a história das comunidades, foram incluídas nessa iniciativa.

Em Cabrobó, distante 529 km do Recife, a imersão no Quilombo Olho D’água mostra a medicina natural praticada pelo povo, incluindo contato com as espécies da Caatinga, usadas na fabricação de chás, garrafadas e outros tipos de preparo medicinais. No mesmo quilombo, outro atrativo é a Mazurca, dança típica local, que tem sua origem na tradicional Mazurca européia. Com chapéus e roupas coloridas, homens e mulheres realizam movimentos de vai e vem, como se estivessem dançando uma valsa.

No município de Orocó, localizado a 569 km do Recife, à noite, os vaqueiros se reúnem para realizar uma contação de histórias, por meio de aboio. Os cantos, entoados sob a luz do candeeiro, afirmam o orgulho de ser vaqueiro, mas também retratam as dificuldades da pega do boi por entre os espinhos da Caatinga, falam da cultura e dos valores do povo, envolvem crianças, adolescentes e os mais experientes. O costume secular encontra na apresentação aos turistas mais uma forma de ser conhecido e respeitado pelo público.

A produção de manga do Sertão do São Francisco, hoje, a que mais exporta no Brasil, remonta à década de 40. À época, a atividade era bastante rústica e artesanal, não contava com tamanho aporte tecnológico do qual dispõe atualmente. No município de Belém de Francisco, a 481 km do Recife, a Rota da Manga proporciona uma viagem à história dessa cadeia produtiva. Lá, é possível ver a Roda D’água, um equipamento destinado à irrigação das espécies frutíferas, usando as águas do Rio São Francisco. Imponente, a grande roda de madeira mantém-se intacta até hoje, mantendo viva as origens de uma cultura, que se confunde com a história do povo sertanejo.

Também em Belém de São Francisco é possível conhecer o Museu de Zé Pereira e Mestre Vitalina, local onde nasceram os bonecos gigantes. Isso mesmo! Os responsáveis pelo espaço contam que a tradição dos bonecos gigantes teve origem em Belém do São Francisco e foi aprimorada por Olinda, hoje conhecida como Terra dos Bonecos Gigantes. Polêmicas à parte, o fato é que, neste museu, é possível fazer uma viagem pelos primeiros bonecos gigantes construídos na região, muitos dos quais traduzem as cores, traços e símbolos da cultura sertaneja.

Esses municípios possuem grande potencial cultural que, juntos, representam um grande atrativo turístico. É uma forma de resgatar, valorizar e perpetuar a cultura sertaneja, que é muito rica. Esses negócios já existiam há muito tempo, de maneira informal, mas com o apoio do Sebrae/PE e do ComRio, passaram pela formalização e se profissionalizaram para ampliar o mercado. Eles chamaram atenção das políticas públicas que estão sendo adotadas para fortalecer o setor, o que implica em fortalecer a cultura local

Regina Santana, analista do Sebrae/PE em Petrolina

Sobre o acesso às rotas: 

Para obter informações sobre as trilhas, basta fazer contato com as Secretarias de Turismos dos municípios que compõem a Rota Ribeirinhos do Velho Chico. São eles: Cabrobó, Orocó, Santa Maria da Boa Vista, Belém de São Francisco e Lagoa Grande. Os roteiros possuem trajetos de um ou dois dias e até vivências de sete dias para uma verdadeira imersão na cultura e natureza da região. Além das belas paisagens naturais, todas as rotas proporcionam atrações culturais e contato com a história local.

Os passeios realizados em grupo custam R$ 60 por pessoa. Para alguns roteiros, é necessário um número mínimo de pessoas. Há também opções que não comportam um número alto de pessoas, a exemplo da rota que envolve o Quilombo Santana. O valor da diária do guia é de R$150 para quem deseja realizar a trilha individualmente ou em dupla.