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O artesão Flávio Mercês Monteiro viu a sua vida se transformar e afirma ainda estar se acostumando com o sucesso conquistado pelas bolsas artesanais em madeira da recém-lançada coleção Essência Niemeyer, inspirada nas obras do famoso arquiteto que projetou Brasília. Atuando há seis anos com peças de madeira utilitárias e decorativas, o empreendedor de Garanhuns conta que a guinada para conquistar novos mercados teve início a partir da sua participação nas jornadas criativas do Pernambuco Artesão, programa de apoio ao artesanato desenvolvido pelo Sebrae/PE e pelo Governo de Pernambuco. Com o conhecimento adquirido na iniciativa, o artista desenvolveu a coleção e foi convidado a apresentá-la no São Paulo Fashion Week, realizado entre os dias 16 e 20 de outubro, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.
“Na verdade, eu não sei nem o que dizer. Estou de boca aberta com tudo que está acontecendo. É uma chuva de bênçãos! Depois de participar das jornadas criativas, tudo mudou. E agora é esperar sempre mais”, comemora Flávio Monteiro. A sua participação nas jornadas, que ofereceram mentorias e consultorias voltadas à inovação no trabalho dos artesãos, ocorreu no último mês de março, quando criou as peças que estão fazendo sucesso. Ele conta que só tinha feito bolsa de madeira uma vez, há cerca de três anos, para atender a um pedido da esposa Cláudia Monteiro, que também é artesã.
“A ideia de voltar a produzir bolsas, na verdade, quem deu foi o Rafael Caetano, estilista e professor de moda, que foi nosso mentor nas jornadas criativas. Eu contei que uma vez já tinha feito uma bolsa de madeira para a minha esposa. Ele gostou da ideia e abriu minha mente para produzir mais peças. Então, me inspirei nas obras do arquiteto Oscar Niemeyer, de quem sou um grande admirador”, lembra o artesão.
A coleção Essência Niemeyer traz bolsas feitas à mão, em madeira sustentável, com acabamento impecável. Em todas, há referências às curvas icônicas que são a marca do trabalho do arquiteto. Segundo o artesão, as peças não são apenas acessórios de moda. Elas trazem história, identidade, alma e muita arte.
A estreia da coleção, com peças inéditas, aconteceu na 25ª edição da Fenearte, realizada em julho deste ano, no Pernambuco Centro de Convenções, onde as peças foram um sucesso de vendas. De acordo com o empreendedor, depois do evento, essas criações já foram vendidas para outras cidades do Brasil e também para outros países, como Estados Unidos e Espanha.
O artesão conta que o convite para participar da São Paulo Fashion Week também partiu do consultor e estilista Rafael Caetano. As bolsas integraram a coleção Fugaz, de Rafael Caetano, que desfilou no dia 18 de outubro, e também foram comercializadas durante o SPFW.
A experiência foi incrível, foi um divisor de águas para a gente. Depois do evento, recebemos encomendas para outros locais do Brasil e também recebemos muitas propostas. Uma delas é para participar do Chile Fashion Week e outra para levar as nossas bolsas para a China, por meio de representantes.
Flávio Monteiro, artesão.
NOVA MARCA
Com a iniciativa de voltar a produzir bolsas de madeira e com o sucesso da nova coleção, o artesão criou uma marca exclusiva para esses produtos, a Loka Arte Design. O detalhe é que Monteiro também adota o nome artístico de Loca. Toda a família do artesão é envolvida na produção. “As bolsas são feitas por todos nós. Pelo meu esposo, que corta a madeira e faz todo o processo. O meu filho mais novo, Lucas Flávio (14), também já faz alguns desenhos e dá muitas dicas. O filho mais velho, Emerson Flávio (23), faz acabamento na madeira, e eu faço o acabamento dentro das bolsas. É um trabalho coletivo, feito por nós quatro”, explica Cláudia, esposa do empreendedor. Apesar da novidade, o artesão mantém ativa sua outra marca, a Madeiras em Arte, que comercializa peças utilitárias e decorativas.
PERNAMBUCO ARTESÃO
Este ano, graças ao Programa Pernambuco Artesão, realizado em parceria entre o Sebrae Pernambuco e o Governo do Estado, por meio da Agência Estadual de Desenvolvimento Econômico (Adepe), 140 artesãos – apresentaram coleções com alto nível técnico e estético durante a Fenearte, tanto na exposição exclusiva sobre o tema instalada em pontos estratégicos da feira como nos estandes.
As peças dessas coleções foram produzidas como parte das jornadas criativas, que atenderam artesãos do litoral ao sertão do estado. As capacitações tiveram como foco principal a inovação e o desenvolvimento de novos produtos como forma de profissionalizar e aumentar a competitividade dos empreendedores da economia criativa.
“As jornadas criativas trouxeram inovação e estímulo para a criação de novos produtos, levando os artesãos a se tornarem mais competitivos para acessar esse mercado, que não é para iniciantes, mas para profissionais”, destaca Verônica Ribeiro, especialista em Economia Criativa do Sebrae/PE, ressaltando que as criações apresentam apelo de mercado sem interferir na identidade cultural dos artesãos.
