A pecuária de corte é uma das principais atividades do Agreste Meridional, mas torná-la sustentável nem sempre é tarefa fácil para quem empreende neste setor. As condições climáticas trazem desafios como escassez de água e pastagem durante os períodos de estiagem, impactando diretamente a produção da alimentação do gado e provocando aumento nos custos gerais de produção, gerando pressão sobre os produtores, especialmente os pequenos. Para apoiar os produtores e impulsionar práticas mais sustentáveis na região, o Sebrae/PE e a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) lançaram o projeto “Desenvolvendo a bovinocultura de corte no Agreste”, que prevê capacitações, melhorias na gestão e incentivos à adoção de tecnologias adaptadas ao semiárido.
De acordo com dados do IBGE e das entidades locais de pecuária, o rebanho bovino de corte no Agreste Central e Setentrional é estimado em 600 mil a 800 mil cabeças de gado. A principal raça utilizada é a Nelore, devido à sua adaptação ao clima semiárido, mas também são realizadas cruzas com raças europeias, como a Aberdeen Angus, para melhorar a qualidade da carne. A criação é distribuída em pequenas e médias propriedades rurais, com foco tanto na produção de carne quanto de bezerros para recria e engorda em outras regiões do estado.
Para elevar o potencial da região, dez criadores de gado de corte dos municípios de Bezerros, Sairé e Gravatá serão beneficiados pelo projeto do Sebrae/PE e da Adepe, que começou em maio deste ano e segue até dezembro de 2026, com investimentos de mais de R$ 400 mil. A iniciativa tem como principais objetivos o estímulo à melhoria genética da bovinocultura, a implantação de recursos forrageiros estratégicos para períodos de estiagem e o aperfeiçoamento na gestão das propriedades.
O projeto oferece oportunidades de melhoria para os produtores por meio da adoção de técnicas mais eficientes de forma a mitigar os impactos da seca. Também incentiva a constituição de cooperativas e associações, levando ao fortalecimento dos produtores e possibilitando maior poder de negociação no mercado e acesso facilitado a insumos e tecnologiasFabiana Santos, analista do Sebrae/PE.
O projeto prevê também a capacitação dos produtores para que eles possam atender às principais exigências legais pertinentes ao setor de alimentação, reduzir custos e serem orientados sobre o adequado manejo dos rebanhos, a fim de garantir a segurança alimentar e o bem-estar do animal. Ainda, estão previstos o mapeamento das áreas destinadas à produção de alimento para o gado, com análise do solo e recomendações de correção e adubação, além de orientações para aprimorar a produção do alimento. Também serão repassadas instruções sobre nutrição e cuidados sanitários com os animais.
EXPECTATIVAS
O veterinário Antônio Torres cria gado de corte e afirma que o negócio vale a pena. “O objetivo que todo mundo tem é fazer o ciclo completo, da cria, à recria e à engorda, mas isso depende do período do ano. Hoje, devido à seca, não estamos fazendo a engorda, que está impossibilitada devido ao preço dos insumos”, explica o produtor. E complementa: “o Sebrae está fazendo um trabalho muito bom, e precisamos de uma associação para comprar os insumos porque a compra individual custa muito alto”.
“Os produtores daqui sentem falta de apoio e estamos com essa oportunidade. Vamos ter apoio para criar do jeito certo e alcançar um resultado de excelência. A vontade é essa, e eu quero trabalhar para isso”, completa a pecuarista Ana Carolina Vieira.
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