Segundo o Projeto Escola Verde, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), uma criança, nos seus primeiros três anos de vida, usa seis mil fraldas. Cada fralda pode levar até 450 anos para se decompor. Preocupados com essa realidade, estudantes da Escola Técnica Estadual Paulo Freire, em Carnaíba, cidade encravada no coração do Sertão do Pajeú, criaram a Ekofralda. O protótipo possui um refil de plástico reutilizável e cartuchos feitos de casca e fibra de coco. A criação foi uma das dez vencedoras do Solve For Tomorrow, grande prêmio de ciência e tecnologia do Brasil, realizado pela Samsung.
O grupo de estudantes do Ensino Médio da Escola Paulo Freire participou de capacitações sobre empreendedorismo, oferecidas pelo Sebrae/PE, e usou os conhecimentos para iniciar a Ekofralda. A fralda é composta por um cartucho, feito de plástico de baixo impacto, cujo custo é de apenas R$ 1. Esses cartuchos são fabricados a partir de fibras e cascas de coco e têm capacidade de absorver até 150 ml de resíduo – o equivalente a dez vezes a sua própria massa. O material é sobreposto em várias camadas e envolto em algodão, o que protege o contato da fibra com a pele do bebê. Quando descartados, os cartuchos passam por compostagem, técnica de reciclagem, e podem se tornar matéria orgânica.
Desde quando foi criada, a Ekofralda vem colecionando prêmios. Em 2023, foi uma das dez vencedoras de um dos maiores prêmios de ciência e tecnologia do Brasil, o Solve For Tomorrow, promovido pela Samsung. A criação também ganhou visibilidade no QCiência, maior evento científico realizado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Ciência Jovem, promovido pelo Espaço Ciência, museu de ciência e tecnologia de Pernambuco.
Um dos membros do grupo que criou a Ekofralda, José Henrique, que hoje cursa o 3º ano do Ensino Médio, avalia que as capacitações de empreendedorismo, ministradas dentro do Programa Brasil Mais Produtivo, estão sendo essenciais para o desenvolvimento do produto. “Essas aulas nos ensinaram a planejar, produzir, aperfeiçoar e tornar o produto mais seguro, atrativo e sustentável”, explica. O protótipo está na fase de testes alérgicos e aperfeiçoamento de segurança.
José Henrique reforça que além das vantagens econômica e ambiental, a Ekofralda deixa outra mensagem importante. “Nós aprendemos que é possível fazer algo relevante com pouco investimento. Grande parte dos produtos sustentáveis custam mais caro, já o nosso é sustentável e barato. Eu tenho um sentimento de gratidão”, conclui.