Força e superação são palavras que servem para definir a história da empresária Clea Jaci da Silva, 50 anos. Ela perdeu a mãe ainda criança, passou fome e teve que trabalhar como doméstica em troca de comida. A forma que Clea encontrou para superar as dificuldades foi comprar um quilo de malha e produzir confecções com uma máquina de costura alugada para vender na Feira da Sulanca. O negócio prosperou e hoje a sua empresa, a Ondas Moda Praia, produz cerca de 12 mil peças infantis por mês. Além de empreendedora de sucesso, Clea se tornou palestrante e, hoje, conta a sua história de vida como forma de incentivar outras pessoas.
Clea nasceu em Caruaru e morou em São Paulo até os oito anos, depois voltou para Pernambuco e não saiu mais de Santa Cruz do Capibaribe.
Quando eu falo do passado, é muito doloroso. Tive uma infância pobre no Bairro São Cristóvão. Minha mãe morreu muito nova, com 38 anos, e deixou sete filhos. Tivemos que vender alguns itens da casa para comprar alimentos e muitas vezes os vizinhos vinham trazer sobras de comida. Meu pai passava a semana no sítio, só vinha para a cidade nos finais de semana e trazia os produtos que ele produzia, como milho e feijão.
Clea Jaci da Silva, proprietária do Ondas Moda Praia
As piores lembranças que ela tem daquela época são dos finais de tarde, vividos com a realidade de quem não tinha nada para comer. “Eu dizia: vamos dormir que se a gente dormir não sente fome. A fome machuca, maltrata. Além de tudo tinha a saudade da minha mãe”.
Com determinação e trabalho, Clea criou forças para superar as dificuldades. Na primeira oportunidade que teve, já com 19 anos, comprou um quilo de malha, fez 15 camisetas e foi vender na Feira da Sulanca. Vendeu todas e comprou dois quilos de malha. As vendas foram aumentando. “Comecei a produzir em casa e o meu pai alugou uma máquina para eu trabalhar. Eu trabalhava com a minha irmã, Cristiana. Certa vez, eu peguei um pedido bem grande, porque era época de Copa do Mundo, então eu trabalhava de dia e ela trabalhava à noite para a gente revezar a única máquina de costura que tinha”, lembra.
“A gente começou a vender e as coisas foram fluindo. Tive uma oportunidade e agarrei. As coisas foram acontecendo e quando dei por mim já tinha uma empresa e vários funcionários. Era a Clea Moda Praia, que depois passou a ser Ondas Moda Praia”, conta. Agora, a empresa de confecções, especializada em moda praia infantil, funciona em um prédio de dois andares e conta com 17 funcionários, alguns com mais de uma década de serviços prestados. Os produtos são vendidos para vários estados do Brasil e chegaram a ser exportados.
“Eu não imaginava chegar onde chegamos, mas foi possível com a ajuda do Sebrae que nos ajudou a entender desde o chão de fábrica até exportar nosso produto. A guinada acontece a partir do momento que você decide mudar”, destaca Clea.
A empreendedora diz que sempre é convidada para eventos de moda e de motivação. “Se é para contar a minha história para motivar outras mulheres, a agenda está sempre aberta”, pontua. Clea também desenvolve uma atividade permanente de doação de alimentos para pessoas carentes, tendo como base o cuscuz e o leite. “Porque um cuscuz com leite mata a fome de quatro pessoas”, conclui, com a sabedoria de quem entende do assunto.