Duas importantes e tradicionais cadeias produtivas da Zona da Mata pernambucana, a cana-de-açúcar e a fruticultura do Vale do Siriji, foram revisitadas para a concepção de novos produtos graças a uma parceria entre o Sebrae Pernambuco e a Agência Estadual de Desenvolvimento Econômico (Adepe). Entre os resultados da iniciativa está a criação de novidades gastronômicas e o uso como matéria-prima para artesanato, com itens apresentados na Expo Riquezas da Mata, que movimentou o Shopping Carpina na última sexta-feira (22). Quem circulou pelo centro de compras pode conhecer, degustar e comprar iguarias produzidas a partir da banana, goiaba, uva, pitaya e cana-de-açúcar cultivadas na região.
O empreendedor Fábio Ferreira, da Cachaçaria Esperança, de Amaraji, foi um dos expositores no centro de compras. Ele apresentou novidades que desenvolveu ao longo de mais de um ano, durante a mobilização. “Fiquei muito satisfeito em participar da iniciativa, principalmente pelos resultados alcançados. Além de fazermos o registro no Ministério da Agricultura e Pecuária, criamos novos tipos de cachaça e licor e o público tem aprovado os novos produtos”, destaca.
Segundo Fábio, o licor de frutas amarelas é uma das novidades que já figuram entre as preferidas pelos consumidores. É o caso da servidora pública Cintia Priscila da Silva, de Paudalho, que aproveitou um momento de folga para comprar produtos à venda na exposição. “Essa bebida é muito diferenciada e tem um sabor bastante original”, ressalta. A colega Lidiane Santos também aproveitou a pausa no trabalho para adquirir delícias produzidas na Zona da Mata estadual. “O licor de frutas amarelas tem um sabor incrível. Comprei uma garrafa para presentear o meu marido”, detalha.
Na exposição no centro de compras, o público ainda teve acesso a muitas outras delícias produzidas a partir de banana, goiaba, uva e pitaya cultivadas nos municípios de Macaparana, Machados, São Vicente Férrer e Vicência, banhados pelo Rio Siriji. As frutas foram transformadas em alimentos como doces, chips, geleias, biscoitos e bolos, entre outros.
Algumas das iguarias tiveram como ingredientes partes muitas vezes descartadas pelos consumidores por desconhecimento sobre usos alternativos, desprezadas pela indústria e mesmo pelos agricultores devido a critérios como tamanho e aspecto, que interferem na boa saída nas vendas. Assim ‘nasceram’ itens como salgadinho e coxinha de flor de bananeira, catchup de goiaba, carne louca de banana, geleia de casca de pitaya e caponata e antepasto do coração da banana, comprovando a criatividade dos empreendedores e a importância de investir no melhor aproveitamento desses elementos.
No caso da cana-de-açúcar, o foco foi no incentivo à produção artesanal de derivados nos municípios de Água Preta, Amaraji, Aliança, Cortês, Gameleira, Nazaré da Mata, Paudalho, Tamandaré, Timbaúba e Tracunhaém. O ingrediente acabou empregado em licores e cachaças e em produtos novos no mercado, como trufas, biscoitos e bolo-de-rolo de melaço e brownie e bolo de rapadura. Também foram dados novos usos para a palha da cana, que virou insumo para artesanato na fabricação de porta-joias, caixas, chaveiros e outras peças funcionais e decorativas.
O gerente do Sebrae Pernambuco para a Zona da Mata, Alexandre Alves, afirma que a culminância no shopping mostra o sucesso das parcerias com a Adepe para a zona de desenvolvimento. As medidas foram adotadas para estimular a diversificação da fruticultura no Vale do Siriji, onde as frutas são predominantemente comercializadas in natura, além do incentivo à produção artesanal de derivados de cana-de-açúcar. Cerca de 200 artesãos, agricultores e pequenos produtores foram beneficiados com as iniciativas.
O projeto da diversificação produtiva da agricultura do Vale do Siriji propiciou o desenvolvimento de mais de 20 tipos diferentes de produtos. Claro que tendo a banana como carro-chefe, mas também tem outras culturas, como a pitaya, que se destaca hoje naquela região, e a uva. O grande resultado foi exatamente propiciar o desenvolvimento desses produtos, a inserção deles no mercado e, o melhor de todos os desdobramentos, é que eles já estão sendo fonte de renda para muitas famílias atendidas pelos projetos.
Alexandre Alves, gerente do Sebrae Pernambuco para a Zona da Mata.
O gestor ressalta os retornos conseguidos com o projeto relacionado aos derivados da cana de açúcar. “Também desenvolvemos produtos como fonte real de oportunidade de negócio. Os empreendedores criaram diversos itens alimentícios e artesanais que, não apenas pelo caráter inédito, representam hoje fonte de renda para muitas dessas famílias. Então ambos os projetos atingiram seus objetivos plenamente na medida em que entregaram resultados de impacto positivo para o público atendido. Esse é o grande sonho de todo e qualquer projeto natural institucional: contribuir para a melhoria da qualidade de vida e a geração de emprego e de renda para a população”, completa Alves.